quarta-feira, 6 de novembro de 2013

 
No último dia 01 de novembro, Solenidade de Todos os Santos e aniversário de 45 anos da Diocese de Bacabal, foi celebrada no largo da Catedral de Santa Teresinha uma Missa solene para celebrar a ocasião.

Se não bastassem todas as prerrogativas, esse dia tornou-se mais especial ainda pelo fato de ter-se ordenados Diáconos Permanentes 12 homens: Airton de Sousa Lima, Almir Alves de Sousa, Ariosvaldo Dias Neres, Antonio Alves de Sousa, Benevaldo de Castro dos Reis, Cecílio da Costa Frasão Filho, Gileno Soares Rocha, João Bosco de Melo e Silva, José Antonio Pereira, José Raimundo da Silva, Osvaldo de Amorim Corrêa e Ronaldo Batista Araújo, após 5 anos de formação na Escola Diaconal Santo Estêvão. Iniciada em 2008, receberam o ministério de Leitor no dia 1º de novembro de 2012 e o ministério de Acólito no dia 30 de maio de 2013, seguirão a vivência desse ministério, que pela primeira vez é realizado na Diocese, uma experiência que rendeu muitos frutos. Com o lema: “Estou no meio de vós, como aquele que serve (Lc 22,27)”, essa primeira turma de Diáconos Permanentesdemonstrou o seu desejo de seguir o Mestre e Senhor e entregar suas vidas ao Senhor do Reino, buscando a santidade e esperando que a cada dia esta vivência se torne tão plena e autêntica que o ápice de todas as ações sejam o reflexo da vontade do Pai.

Dom Armando Martín Gutiérrez, bispo Diocesano, presidiu a celebração, que foi concelebrada por diversos sacerdotes vindos dos vários municípios que compõem o território diocesano e também de visitantes: Bacabal-MA (Padre Lauro Henrique, Frei Eriberto, Padre Jonas, Frei Evaldo Dimon, Frei Bernardo, Frei Cláudio, Frei Francisco Azevedo; Vitorino Freire-MA (Padre Nilson e Frei Joá), Capinzal do Norte-MA (Padre Airton), Poção de Pedras-MA (Padre Roberto), Esperantinópolis-MA (Padre Mateus), Igarapé Grande-MA (Frei Inocêncio), Lima Campos-MA (Padre Antonio Ribeiro), Santo Antonio dos Lopes-MA (Padre José Alberto), São Luis-MA (Padre Antonio José e Frei João Muniz), Teresina-PI (Frei Marcos),estado do Ceará (Padre Cícero), assim como os Diáconos José Francisco, Luis Portela,Auriélio e Valtemir, e os párocos de onde os Diáconos Permanentes estão presentes: Frei Ribamar Cardoso e Frei Osmar (Bacabal-MA), Padre Hermano (São LuisGonzaga-MA) e José Geraldo (Pedreiras-MA), além de um grupo de Diáconos Permanentes das Dioceses de Grajaú, Caxias, Viana e da Arquidiocese de São Luis, além do Presidente Nacional dos Diáconos Permanentes, Zeno Konzen. Unidos em uma só fé, numa só família que se reuniu para celebrar os dons de Deus, todos foram acolhidos e manifestaram alegria e participar desse momento histórico da Diocese de Bacabal, como afirmou Padre Lauro Henrique, pároco da Catedral Diocesana e anfitrião da cerimônia em suas palavras iniciais.

Direcionando-se principalmente aos eleitos, em sua homilia Dom Armando falou do significado da ordenação, citando-a como um serviço que deve levar a transparecer o próprio Cristo, seja através da Palavra, seja através da vida de cada um dos ordenandos. “O serviço não é uma virtude a mais que vocês devem assumir, junto com a humildade, a caridade... é uma atitude transversal que deve acompanhar todas as realidades da vossa vida, na família, no trabalho, na relação com os amigos, nos momentos de comunidade... Que quem olhe para vocês vejam o sacramento; não vejam o Bosco, o José Antonio, o Osvaldo... Vejam Jesus que ama a cada pessoa que esteja precisando de um serviço que tem como característica o amor e a caridade”, lembrou.

Após a homilia, em um dos momentos importantes da cerimônia, os eleitos colocaram-se diante do Bispo, que os interrogou sobre seu desejo de assumir o Ministério, serem consagrados ao serviço da igreja, desempenhar com humildade e amor o ministério dos Diáconos, guardar o mistério da fé, proclamar a fé, conservar-se em oração, ser obediente... Logo após, prostrados os 12 homens suplicaram com toda a assembléia a intercessão de todos os santos no propósito escolhido em suas vidas. De um a um também a eles foram impostas as mãos do Bispo e através de uma oração, pediu o Espírito Santo sobre cada um deles, a fim de exercerem com fidelidade o seu ministério; foi-lhes entregues o Livro dos Evangelhos, e revestidos com as vestes diaconais, foram saudados pelos sacerdotes concelebrantes e por Dom Armando.
Já ordenados, participaram da Mesa Eucarística e exerceram seu ministério, distribuindo a Comunhão aos milhares de fiéis que acompanharam a solene liturgia. Ao final, o recém-ordenado Diácono Ronaldo Batista fez os agradecimentos em nome de todo o grupo, seguido de um canto feito por todos os diáconos ali presentes. Entoando o refrão: “Diácono, Diácono de Jesus, eu sou mensageiro entre o povo, vou seguir o caminho da cruz”, foram ovacionados pela assembléia. Tomando a palavra, Padre Lauro iniciou o “Parabéns” à Diocese de Bacabal e ao Padre Geraldo Teófilo, que comemorava na ocasião aniversário de vida sacerdotal.

Fazendo memória aos fatos históricos da Diocese e sendo o único sacerdote ali presente a estar na posse de Dom Pascásio, primeiro Bispo de Bacabal, Frei Eriberto relembrou alguns momentos daquele grande dia, manifestando alegria em poder comemorar 45 anos de evangelização.

Após a bênção solene, foi serviço um coquetel para todo o povo ali reunido, em um momento de grande fraternidade.

O Ministério do Diaconato

Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja latina restabeleceu o Diaconato “como grau próprio e permanente da hierarquia”, a passo que as igrejas do Oriente sempre o mantiveram. Esse Diaconato Permanente, que pode ser conferido a homens casados, constitui importante enriquecimento para a missão da Igreja. De fato, ser útil e apropriado que aqueles que cumprem na Igreja um ministério verdadeiramente diaconal, quer na vida litúrgica e pastoral, quer nas obras sociais e caritativas, “sejam corroborados e mais intimamente ligados ao altar pela imposição das mãos, tradição que nos vem desde os apóstolos. Destarte desempenharão mais eficazmente o seu ministério mediante a graça sacramental do diaconato”.

 
Homilia de Dom Armando

“Tudo o que vivemos hoje é momento de ação de graças. Falávamos ao início: quantos motivos temos para celebrar hoje: o aniversário da Diocese, da sua caminhada, a ordenação desses Diáconos, mas ainda temos também neste final de ano outras ordenações. Nunca a nossa Diocese foi tão abençoada. Com essa novidade histórica – podemos dizer assim, quando ordenamos nossos primeiros Diáconos Permanentes, ordenaremos também três novos padres: os Diáconos José Francisco, Luis Portela e Auriélio, também nunca aconteceu isso em nossa pequena Diocese. E mais ainda, dois Diáconos: Cícero, que está servindo Bom Lugar e se Deus quiser, o Seminarista Pedro de Jesus, que serve Esperantinópolis, São Raimundo e São Roberto, no dia 22 de dezembro. Quanta graça, quanta bondade do Senhor, apesar de nossa indignidade neste Ano da Fé. É para acreditar mesmo que o Senhor é bom, que nos acompanha, que apesar de nossas fraquezas ele no seu amor nos dá sempre as graças, as bênçãos, os benefícios que precisamos. E quando falamos desses ministérios: Diaconato, Presbiterato, falamos de pessoas que foram escolhidas para se colocar a serviço dos irmãos. Seguramente vocês lembram, queridos Diáconos, faz 5 anos: quando do vosso chamado e apresentação pelos párocos, vocês já tinham um engajamento, uma atividade na comunidade. E vocês depois de um tempo de reflexão junto com a família, fizeram-me o pedido oficial, e começou todo um processo de formação e discernimento. Foram 17 que começaram e ficaram 12, mas na Palavra do Senhor que acabamos de escutar sobre a vocação do Diaconato, ao serviço nas origens da Igreja, naquele tempo foram escolhidos 7, um número simbólico. Nós, através da graça do Senhor, serão ordenados 12, também um número simbólico.

Esse processo de formação, com altos e baixos, com momentos de entusiasmo e esperança, dificuldades e luta, foi muito bem acompanhado e agradeço à Comissão da Escola Diaconal, que acompanharam bem este candidatos a Diáconos até chegar a esse momento, em que a Igreja os considera preparados e aptos. E por outra parte vocês também assumem livremente. Agora vocês são conscientes do que vão assumir. Eu queria lembrar da importância desse gesto, a ordenação, a consagração neste grau do Sacramento da Ordem não significa status, ter privilégios ou alguma coisa a mais. Seria um pouco deturpá-lo. Existe essa realidade porque a vossa preparação os coloca melhor ao serviço da Igreja e porque vocês são enviados oficialmente, consagrados para isso. O mais importante – eu queria lembrar -, queridos irmãos e candidatos ao Diaconato é o novo estilo de vida que vocês estão assumindo: serão consagrados através do Sacramento para ser sinais de Jesus servo, encarnar e atualizar no meio do povo a característica do serviço, a mais fundamental da vida de Jesus.

A última imagem que Jesus quer nos deixar é aquela em que está inclinado aos pés dos seus discípulos com uma bacia na mão, cingido com uma toalha e fazendo o serviço mais humilde, dizendo: ‘Vocês me chamam de Mestre e Senhor, mas quero que se lembrem de mim como servo. Façam a mesma coisa. Eu como Senhor vos dou o exemplo para que façam o mesmo’ e mais ainda: ‘Eu vim para servir, não para ser servido’. A imagem da cruz não é outra coisa senão o serviço, o grande gesto de amor pela humanidade e a comunidade cristã tinha isso muito claro.

O serviço não é uma virtude a mais que vocês devem assumir, junto com a humildade, a caridade... é uma atitude transversal que deve acompanhar todas as realidades da vossa vida, na família, no trabalho, na relação com os amigos, nos momentos de comunidade... Que quem olhe para vocês vejam o sacramento; não vejam o Bosco, o José Antonio, o Osvaldo... Vejam Jesus que ama a cada pessoa que esteja precisando de um serviço que tem como característica o amor e a caridade.

O Diaconato, de acordo com a 2ª leitura surgiu exatamente da necessidade de auxiliar as viúvas, os pobres, os doentes, os mais excluídos... Deveriam encontrar em vocês sempre essa característica: um Jesus que não abandona e que está sempre presente.

Às vezes surge a idéia de fazer as coisas para ganhar status e admiração. Se isto acontece, estou servindo a mim mesmo e isso não é característica do servo de Jesus. Ou servir por dinheiro, por vantagens econômicas, políticas ou interesses humanos. Repito: não se pode servir a dois senhores! Vocês são servidores de Jesus Cristo! Então, lembrem-se desta primeira coisa que gostaria que ficasse bem profunda no nosso coração neste dia memorável de vossas vidas.

No diálogo que vamos ter vocês se comprometerão a algumas coisas. Promessas essas que irão dizer exatamente que estão a serviço. Por exemplo: irão prometer obediência ao Bispo, ou seja, o servo é aquele que faz o que pede o seu senhor. Não pode fazer aquilo que você quer, a sua vontade, ou do jeito que quer. Obediência é entender que o Senhor, através das autoridades competentes -Bispo ou Pároco aos quais estão à subordinados – encaminham-nos a um serviço aos irmãos.

Outra coisa que irão prometer é a oração. O texto diz: ‘Quereis realizar a Liturgia das Horas com o povo em favor do mundo inteiro?’, ou seja, a oração como um serviço. Essa Liturgia das Horas faz lembrar dos irmãos, das necessidades da Igreja, que se faz intercessora, que invoca a misericórdia do Senhor por todos os necessitados. Então, a oração é em favor, em benefício da humanidade.

Logicamente para viver toda esta realidade, é necessário ter em mente a importância da Palavra de Deus em vossas vidas. Palavra essa que devem pouco a pouco assumindo, encarnando. Logo mais receberão o Livro dos Evangelhos, quando direi: ‘Recebe o Evangelho, transforma em fé viva o que leres, ensina o que creres, procura realizar o que ensinares’, ou seja, a coerência de vida. Vocês tem que transparecer que estão a serviço do Senhor, do único Senhor, com total disponibilidade, com oração, na obediência. E a palavra de Deus irá ensinando, instruindo, fazendo com que mudem as atitudes, os comportamentos, o modo de pensar e agir...

E como conclusão, queria lembrar outra frase da oração consacratória, o momento central dessa liturgia: ‘brilhe na vossa conduta os Mandamentos, a Palavra do Senhor para que o exemplo de vossas vidas desperte a imitação do vosso povo. Assim, imitando na terra o Vosso Filho, que não veio para ser servido, mas para servir, possam reinar com ele no céu’. O vosso serviço, as vossas atitudes e o estilo de vida devem lembrar aos irmãos que eles também são chamados a servir, que somos um povo de servidores, que nós realmente temos que assumir a diaconia, a atitude de servir aos irmãos em todos os níveis da sociedade com uma identidade pessoal de cada cristão, de cada cristã. Então, o vosso exemplo dirá aos irmãos que devemos imitar Cristo Jesus, Servo de todos. Que neste dia a força do Espírito Santo e de todos os santos, que nos fazem um apelo à santidade, derramem suas graças e que possam sempre estar à serviço. Vocês estão sendo ordenados no Ano da Fé dentro de um contexto de missão permanente, então não são enviados para ficar dentrodos muros e só nas celebrações litúrgicas. Como fala o nosso Papa, toda Igreja deve sair, testemunhar, ir ao encontro, levar a Palavra de Deus sobretudo nas periferias, aos mais afastados geográfica e existencialmente. Que a vossa missão possa também trazer essas bem-aventuranças a vocês e às vossas famílias, que de algum modo, participam desse dom, para que possamos viver felizes desde já e por toda a eternidade. Amém!”, encerrou o Bispo.

Fotografia: Frei Lucas, OFM
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