terça-feira, 9 de julho de 2013

Minha paixão por fotografias e pela escrita fizeram-me sentir vontade de partilhar com todos as experiências que viveremos no Rio de Janeiro, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Propus-me a escrever o “Diário de um Peregrino”, a partir do dia 22. Nele, relatarei (prometo que de forma breve) aquilo que de melhor encontrar por lá. 

Longe de mim a pretensão de fazer deste um espaço só meu. O que acontecerá, na realidade, é que trará tudo o que acontece com o grupo de peregrinos da Diocese e da qual faço parte.

Com a fé no coração e a minha (inseparável) câmera na mão, convido a todos, principalmente os que não tiverem a oportunidade de estar conosco, acompanhar-nos nesta aventura de fé.

Esta será a 2ª Jornada Mundial da Juventude que participarei. A primeira foi em 2011, em Madrid (Espanha), a qual refiro-me a seguir:
Lourival Albuquerque

O QUE VI NA JMJ MADRID 2011
Rumo ao lugar central da JMJ, o Aeroporto de Cuantro Vientos, em Madrid
Participar de uma Jornada Mundial da Juventude (JMJ), encontrar com milhões de outros jovens e ficar perto do Papa, como diz a propaganda do Mastercard “não tem preço”.

Infelizmente, nem todos os jovens têm essa oportunidade. Primeiro, porque as JMJ’s só acontecem em intervalos de 02 ou três anos; segundo, por conta de vários impedimentos, dentre os quais pesa mais o financeiro. Aconteceu isso com vários amigos da Paróquia que almejaram e não conseguirão realizar o sonho de participar desse grande evento.

Chegada ao Aeroporto de Frankfurt, Alemanha
Tive a graça de participar da Jornada Mundial da Juventude de Madrid (Espanha), em 2011, juntamente com outras companheiras de caminhada. Quando recebi a notícia de que iria fiquei sem chão e não consegui acreditar na possibilidade naquele momento. Foi necessário um tempo para voltar a mim mesmo. Após os dias de preparativos, muita expectativa, chegou o grande dia. Com a ajuda da Franziskaner Mission, Maria, Letícia, Gabriely e eu chegamos primeiramente à Alemanha, onde fomos recebidos de braços abertos por parceiros (verdadeiros anjos), que nos ajudam em projetos sociais em nossos bairros - Trizidela e Pantanal. Da chegada dia 07/08/2011 até o dia 09 tivemos a oportunidade de encontrar pessoas magníficas, que mesmo sem nunca ter-nos visto pessoalmente, abriram seus corações e nos acolheram, como filhos. Nos sentimos em casa, apesar da dificuldade de comunicação por causa do idioma – embora tivesse quem nos ajudasse nesse sentido -, também pelo clima (muito diferente do nosso), assim como pela culinária, que nem de longe parecia com a que estávamos acostumados, embora tudo muito bem feito e delicioso. Isso tudo não impediu que nos transformássemos em família e nos sentíssemos bem (muito bem).

A despedida em San Adrian, na Espanha
Após pegarmos um ônibus com mais amigos e peregrinos alemãos, percorremos 24 horas de estrada, passando pela Holanda, Bélgica, França – e famosa París - e  chegamos dia 11 à San Adrian, uma cidade acolhedora onde “nada é estrangeiro” (dizia uma placa de boas vindas), na Província de Navarra, Espanha. Lá, vivemos com intensidade a Pré-Jornada. E não poderia ter sido melhor e mais significativo em nossas vidas.  Com seu povo acolhedor, não demorou muito nos sentirmos novamente em casa. As famílias que nos acolheram deixaram marcas profundas em nossas vidas, principalmente em nossos corações, até os dias de hoje, quando nos recordamos de sua alegria e carinho. Passeios, celebrações, momentos de oração, descontração e muita, muita amizade, marcaram nossa passagem por este lugar tão cheio de Deus. A despedida encheu de lágrimas os olhos tantos dos peregrinos quanto daqueles a quem já chamávamos de “pais”. Era o dia 15 de agosto. Tínhamos que partir para Madrid, onde no outro dia iniciava-se a JMJ.

Junto à comitiva do Japão, no caminho da cidade de Javier,
na Espanha 
Vendo pela janela do ônibus as mais lindas paisagens (muitas delas parecidas com as do Brasil), chegamos no final da tarde no alojamento, um ginásio poliesportivo que ficou repleto de jovens. A partir de então, iniciava a nossa jornada, propriamente dita. Todos os dias saíamos da cidade de Cerceda, nos arredores de Madrid, para momentos de catequese, oração, celebrações e passeios. Lugares e momentos lindos até hoje permeiam nossas mentes. O Parque do Retiro, no centro de Madrid, foi um lugar especial, onde sempre estávamos. A Missa de Abertura, próxima a esse local, deu um tom jamais visto a cada um de nós: estávamos mesmo na JMJ. Um vai-e-vém de peregrinos na cidade aos poucos iam enchendo os locais de catequese,  celebrações e vivências. E cada vez mais amizades fazíamos... o idioma novamente dificultava as coisas, mas a linguagem do coração, do amor, da fé e os gestos de carinhos, as trocas de lembranças de outros países pelas do Brasil... Tudo isso nos alegrava muito!

À medida que ia chegando o dia da Vigília com o Papa Bento XVI, íamos também ficando mais ansiosos. Estar perto do Santo Padre deveria ser uma sensação muito boa, porque apesar da idade avançada que tinha, passava uma mensagem muito positiva – era e continua sendo um jovem de coração. No dia 21, quando nos dirigíamos ao aeroporto de Cuatro Vientos, encontrávamos milhares de jovens dirigindo-se para o mesmo lugar. O calor da Espanha, o sol de rachar e a distância não nos desmotivaram. Até o Corpo de Bombeiros ajudava os peregrinos, jogando água, refrescando nossa vida e nos ajudando a caminhar.

À chegada ao local destinado, uma surpresa: os portões fechados nos impediram (assim como a muitos outros) de adentrar a parte mais central do aeroporto, onde com certeza dava pra sentir mais de perto o calor de mais de  milhões de pessoas. Contentamos-nos com o telão, tendo em vista a quantidade de pessoas que ali se encontravam na parte mais interna, e era tanta gente que quem entrava queria sair e quem estava do lado de fora – como nós – queria entrar.

Multidão concentrando-se para a JMJ (parte externa)
À medida em que o tempo passava, também o clima não ajudava. O sol forte e à pino às 07 horas da noite (isso mesmo!!!), aos poucos era coberto por nuvens de chuva. O vento começava a correr freneticamente e arrastava para longe a poeira e também as barracas de muitos peregrinos. Era muito bonito ver no telão Bento XVI falando aos jovens enquanto os ventos contrários queriam impedi-lo. Lutando contra a tempestade, demonstrou mais uma vez o quanto de juventude tinha. A maioria dos jovens, vendo seu exemplo, também não arredou seus pés e permaneceu em vigília, oração e adoração durante toda a madrugada.

Pela manhã, e com o clima melhor, o Santo Padre pôde concluir, enfim, aquele momento rico e que trouxe alento ao coração de tantas pessoas. Em nosso ônibus, retornávamos ao ponto inicial de nossa jornada: teríamos agora um tempo maior para conhecer nossos parceiros, conversar, sentir o clima e vivenciar mais de perto um mundo que talvez – ou nenhuma – outra oportunidade teremos.

Família italiana que nos acolheu na Alemanha
Durante mais 08 dias nos tornamos mais próximos de muitas pessoas: era a nossa família. Mencionar o nome de algum ou outro seria tão fácil, mas é difícil, porque corremos o risco de esquecer pessoas tão especiais.  Daqueles a quem conhecemos durante a primeira parte da viagem, ficou a saudade e o desejo sincero de um dia encontrá-los novamente. Agora fazem parte de nossa história.

31 de agosto foi a nosso último dia de viagem. Por fim, o que a JMJ nos ensinou? Respondo por todos aqueles que compartilharam comigo esse momento: ensinou que o amor é muito mais gesto do que palavras (não foi necessário entender e nem ser entendido no idioma para sentir isso); que o jovem quer encontrar Deus e ser encontrado por Ele; que temos capacidade de amar e acolher, sem nem mesmo conhecer a pessoa; que há muitos necessitados da mensagem de Jesus; que podemos ser instrumentos nas mãos de Deus, vasos nas mãos do Oleiro; que o mundo tem necessidade de conhecer e amar Jesus Cristo. E, finalmente, que quem participa de uma Jornada não quer ficar somente nela! Quer sempre mais! Por isso, estarei no Rio de Janeiro! Nos encontraremos lá! e aqui também neste site. Um grande abraço!

Veja algumas das fotografias:
Chegada à Alemanha até o início da viagem à Espanha
Pré-Jornada em San Adrian até a JMJ em Madrid
Retorno à Alemanha e visita às crianças parceiras na Ilha de Ameland, Holanda
Fotografia: Lourival Albuquerque


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