O Círio Pascal provém do antigo costume romano de iluminar a noite com muitas lâmpadas. Essas lâmpadas passaram a serem sinais do Senhor que ressurge no seio da "noite da morte". A palavra "círio" vem do latim "cereus", de cera, o produto das abelhas. Nele há uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da data do ano em curso e das letras "Alfa" (A) e "Omega" (Ω), a primeira e a última do alfabeto grego. Assim, o círio indica que a Páscoa do Senhor Jesus, princípio e fim do tempo e da eternidade, nos alcança com força sempre nova no ano concreto em que vivemos.
O Círio Pascal tem incrustado em sua cera cinco cravos de incenso, simbolizando as cinco chagas santas e gloriosas que marcaram o corpo de Jesus, na Cruz, nos indicando que o Cristo Ressuscitado é o mesmo que fora crucificado na sexta-feira santa. O sacerdote, ao impor os cravos, reza: "Por suas santas chagas, suas chagas gloriosas, o Cristo Senhor nos proteja e nos guarde. Amém". Em seguida, acende o Círio, que é a Luz de Cristo, com o fogo que fora abençoado. Com o refrão: "Eis a luz de Cristo!", o sacerdote ou o diácono, proclamam o mistério que Deus se dignou revelar pela Ressurreição do seu Filho, mistério que perpassa a Igreja, corpo místico de Cristo; por isso todos aclamam:"Demos graças a Deus!"
Depois de ter entrado na igreja, o cortejo, que se forma atrás do Círio Pascal é repleto de mais símbolos. Trata-se aqui da alusão às palavras do Evangelho de São João: "Eu sou a Luz do mundo; quem me segue não caminhará nas trevas, mas terá a luz da vida". (Jo 8,12). O Círio, conduzido à frente, recorda a coluna de fogo pela qual Yahweh precedia, na escuridão da noite, o povo de Israel, ao sair da escravidão do Egito, e lhe mostrava o caminho (Cf. Ex 13,21). No percurso, todos os fiéis acendem suas velas, significando assim, que todos somos novas criaturas, banhados pelo sangue do Cordeiro e iluminados pelo Cristo Ressuscitado, que caminha em meio ao seu povo.
Chegando ao altar, o sacerdote ou o diácono canta o "Exsultet" ou "Precônio Pascal"; trata-se da Proclamação da Páscoa. As ideias centrais deste hino, de autor desconhecido, são tiradas dos pensamentos de Santo Ambrósio e de Santo Agostinho. Ele canta as maravilhas da libertação do povo de Israel, perpassando toda a sua história, até a "Grande Noite" ou "Noite Santa", tão mais que a noite do Natal do Senhor. Daí, entendermos que esta é a maior de todas as Solenidades da Igreja! É "a Noite das noites"; noite esta que se torna o "Dies Domini", o Dia do Senhor, que se estende por mais oito dias (oitava), e marca o início do "novo tempo", a "nova criação". Por essa razão, o domingo (primeiro dia da semana) passa a ser sinal do "novo tempo" inaugurado por Cristo, dia predominante de louvor e ação de graças, superando a Lei e o sábado, da Antiga Aliança.
Com efeito, o "Exsultet" é o cântico da vitória de Cristo sobre a morte, que resgatou nossos pais primeiros do sono da morte e, por consequência, toda a humanidade, simbolizada por Adão e Eva; é o louvor a Deus pela Nova e Eterna Aliança em Cristo. Por isso, nesta Noite, entoa-se o solenemente o "Aleluia", isto é, o "louvor a El"; esta palavra está no imperativo hebraico e significa, literalmente, "louvai a Ele!" (Hallel-uyah!).
Enfim, como sinal de oferenda, a cera do círio se consome em honra a Deus, espalhando sua Luz. Um convite ao seguimento do Senhor nosso Jesus Cristo, Luz que brilha nas trevas do mundo! Louvemos a Ele, que vive, reina e impera! Entoemos o "Aleluia da Ressurreição de Cristo!"


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