sábado, 11 de abril de 2015

No passado dia 3 de março, durante a celebração penitencial na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco anunciou a realização de um Ano Jubilar Extraordinário da Misericórdia, que terá início no dia 8 de dezembro, com a abertura da Porta Santa, no Vaticano, e terminará no dia 20 de novembro de 2016, Festa de Cristo Rei. Agora, neste sábado 11 de Abril, por ocasião das Primeiras Vésperas do domingo da Divina Misericórdia (12 de abril, segundo Domingo de Páscoa), o Papa Francisco faz a publicação da Bula de proclamação do Jubileu, intitulada "Misericordiae Vultus" (o rosto da misericórdia): nela o Papa explica as motivações por detrás do Ano Jubilar e indica as directrizes para vivê-lo da melhor maneira.

A Bula divide-se basicamente em três partes: na primeira, o Papa Francisco aprofunda o conceito de misericórdia; na segunda, oferece algumas sugestões práticas para celebrar o Jubileu, enquanto que a terceira parte contém alguns apelos. A Bula termina com a invocação a Maria, testemunha da misericórdia de Deus. Durante as Primeiras Vésperas, uma cópia da Bula será entregue pelo Papa aos representantes da Igreja espalhada em todo o mundo

Na Bula o Papa sublinha antes de tudo que a abertura da Porta Santa da Basílica Vaticana terá lugar aos  8 de dezembro, por duas razões: primeiro, porque a data coincide com a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, daquela que Deus quis "santa e imaculada no amor" "para não deixar a humanidade sozinha e à mercê do mal". Em segundo lugar, o dia 8 de dezembro coincide com o 50° aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II, que derrubou "os muros que durante muito tempo haviam fechado a igreja numa cidadela privilegiada", levando-a  a "anunciar o Evangelho de um modo novo", usando  - como dizia João XXIII -  "o remédio da misericórdia em vez de assumir as armas do rigor”.

Na segunda parte o Papa dá algumas indicações práticas para viver em plenitude espiritual o jubileu extraordinário, tais como: realizar uma peregrinação, não julgar e não condenar mas perdoar e dar, abrir o coração às periferias existenciais, realizar com alegria as obras de misericórdia corporais e espirituais e incrementar nas dioceses a iniciativa da oração e penitência “24 horas para o Senhor”. E o Papa dedica um parágrafo especial para o tema da remissão dos pecados desejando, antes de tudo, que os confessores sejam um verdadeiro sinal da misericórdia do Pai e e se tornem eles próprios penitentes em busca de perdão. O Papa anuncia também que durante a Quaresma do Ano Santo ele enviará os Missionários da Misericórdia, ou seja, sacerdotes a quem será dada “a autoridade de perdoar também os pecados reservados à Sé Apostólica”.

E por fim, na terceira parte, o Papa Francisco lança alguns apelos: aos membros de grupos criminais e às pessoas que praticam ou são cúmplices da corrupção (que o Papa chama “chaga podre da sociedade”) pedindo-lhes para mudarem de vida. O Papa também apela ao diálogo  inter-religioso recordando que o hebraísmo e o Islão consideram a misericórdia “um dos atributos mais qualificantes de Deus” e que “também eles acreditam que ninguém pode limitar a misericórdia divina porque as suas portas estão sempre abertas”. E apela, enfim, à relação entre justiça e misericórdia, recordando que elas “não são dois aspectos em contraste entre si mas duas dimensões de uma única realidade, que se desenvolvem até alcançar o ápice “na plenitude do amor”.

E o Papa conclui o documento com uma referência à figura de Maria, "Mãe de Misericórdia", cuja vida foi moldada "pela presença da misericórdia feita carne". "Arca da Aliança entre Deus e os homens," Maria "atesta que a misericórdia do Filho de Deus não conhece limites e atinge a todos, sem excluir ninguém", diz o Papa. E a Bula se conclui com um convite a "deixar-se surpreender por Deus que nunca se cansa de abrir a porta do seu coração" aos homens. A primeira tarefa da Igreja, portanto, "é de introduzir a todos no grande mistério da misericórdia de Deus, contemplando o rosto de Cristo, sobretudo num momento como o nosso, cheio de grandes esperanças e fortes contradições”.

O Ano Jubilar terminará aos 20 de novembro de 2016, Solenidade de Cristo, Rei e Senhor do Universo. "Como gostaria que os próximos anos fossem impregnados de misericórdia, para ir ao encontro de cada pessoa levando a bondade e a ternura de Deus! – diz o Papa a terminar. A todos, crentes e distantes, possa chegar  o bálsamo da misericórdia como sinal do Reino de Deus, já presente no meio de nós”
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